Leque comemorativo de dois casamentos reais

Leque comemorativo de dois casamentos reais

Casamento Pedro II MFSaboia - FMA 3430

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A coleção de leques do Museu Medeiros e Almeida integra um importante leque de manufatura provavelmente francesa, com uma folha comemorativa dos casamentos de duas princesas de Sabóia: no anverso, o de D. Maria Adelaide, princesa de Sabóia (1685-1712), com D. Luís, delfim de França e duque da Borgonha (1682-1712), celebrado em 1697; no reverso, o do casamento de D. Maria Francisca Isabel de Sabóia (1646-1683) com o príncipe regente D. Pedro (futuro D. Pedro II de Portugal) (1648-1706), em 1668.

 

 

Anverso – “A visita do duque da Borgonha à princesa de Sabóia”

 

No anverso da folha encontra-se representada uma visita do duque da Borgonha à princesa de Sabóia, nos jardins de Versalhes, presumivelmente em data anterior ao seu casamento. Trata-se, assim, de uma cena evocativa, não do seu casamento, em dezembro de 1697, mas antes, do seu noivado, em junho de 1696.

Os dois protagonistas figuram, sentados, ao centro da composição. D. Maria Adelaide encontra-se acompanhada por uma figura feminina, em pé e à sua direita, cuja identidade é assinalada por uma legenda, na qual se lê: “La Duchesse de Lude“, ou seja, Marguerite-Louise Suzanne de Béthune, dama de companhia da princesa a partir de 1696 [1]. De igual modo, possui a figura de D. Luís uma inscrição que o identifica, “Monseig.r Le Duc” – denotando-se, assim, a inexistência de uma legenda referente à princesa. A composição é igualmente identificada através da inscrição, à direita da composição, “Monseig.r Le Duc de Bourgogne rendant visitte a Madame La Princesse de Savoye”.

 

Leque 2 casamentos - frente FMA 3040

 

Acima desta cartela, figuram quatro outras personagens, em segundo e terceiro plano – as três na linha da frente poderão tratar-se de um séquito de cortesãos, ou, mais provavelmente, de uma repetição das figuras principais (da esquerda para a direita: Marguerite de Béthume, D. Maria Adelaide e D. Luís), considerando as semelhanças da sua indumentária. A figura em terceiro plano, de cabeleira branca, poderá possivelmente tratar-se de Luís XIV (1638-1715), avô de D. Luís, duque de Borgonha. Ao fundo e ao centro da composição, distinguem-se ainda as silhuetas de três outras figuras, junto a uma fonte.

 

As três figuras centrais da composição e a legenda que a descreve relacionam a representação com uma gravura da autoria de Nicolas Arnoult [2], datada de novembro de 1697 e intitulada “Monseig.r le Duc de Bourgogne rendant visitte à Madame la Princesse de Savoye à sa toillette[3], identificando-a como a sua fonte iconográfica.

 

A principal diferença entre as duas imagens reside nos cenários que lhes servem de fundo – na gravura, a “visita” do duque à princesa tem lugar numa câmara interior e a princesa encontra-se sentada junto ao seu toucador, com um espelho e aos instrumentos de toilette. As vestimentas das três figuras apresentam ligeiras divergências, mas consideramos que estas se devam a uma simplificação das suas particularidades por parte do pintor da folha do leque. De resto, a posição das figuras, os seus gestos e inclusivamente a cadeira de toucador onde a princesa se encontra sentada, são idênticos nas duas imagens.

 

O casamento de D. Luís, Delfim de França e Duque da Borgonha, com D. Maria Adelaide, Princesa de Sabóia, constituiu o tema de diversos leques comemorativos – mencionem-se, a título exemplificativo, o leque plissado que figura nos catálogos das exposições “A fanfare for the Sun King: unfolding fans for Louis XIV”, no The Fan Museum em Greenwich, em 2004; “Le siècle d’or de l’éventail. du Roi-Soleil à Marie-Antoinette” no Musée Cognacq-Jay em Paris, entre 2013 e 2014 [4]; e ainda um leque brisé em marfim, com dois medalhões pintados com os retratos dos príncipes [5].

 

“Monseig.r le Duc de Bourgogne rendant visitte à Madame la Princesse de Savoye à sa toillette”. Nicolas Arnoult. Paris, 1697. Gravura. Bibliothèque nationale de France, département Estampes et photographie, RESERVE FOL-QB-201 (72).

 

 

 

 

 

 

Reverso – “Caça na Tapada, em Lisboa”

 

Conforme já referimos, o reverso deste leque apresenta uma imagem referente ao casamento do príncipe regente de Portugal, D. Pedro (1648-1706), com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia (1646-1683), celebrado em 1668.

 

Ao centro, inserida numa reserva retangular, encontra-se representada uma caçada na Tapada Real de Alcântara [6]. Em primeiro plano, um coche puxado por três parelhas de cavalos brancos, a partir do qual, presumivelmente, Maria Francisca assiste à caçada. Esta decorre junto à margem do rio Tejo, observando-se, à esquerda do observador, um veado perseguido por cães e batedores apeados, seguidos dos cavaleiros. Ao fundo, avista-se a “outra banda”, ou a margem sul deste rio, que é velejado por uma grande nau e várias outras embarcações mais pequenas. A cena é encabeçada por uma filactera identificativa da temática: “CHASSE. DANS. LA. TAPADA. a Lisbonne“.

 

Leque 2 casamentos - anverso FMA 3040

 

Ladeando a reserva central encontram-se duas filacteras de maiores dimensões, onde se lê: “DIDIÉ. A. S. M. LA. REINE. MARIE / FRANÇOIS. ELISABETH. DE SA / VOYE. A L’OCCASION. DE. SON / MARIAGE. AVEC. S. A. R. DOM / PIERRE. PRINCE. REGENT. DE // PORTVGAL. LE. 3. MARS. 1668 / L’EVÊQVE. DE. TARGA. DOM / NA. LA. BENEDICTION. EN / VERTV. DV. BREF. CONFIR / ME. PAR. LE PAPE. INNOCENT[7], inscrição que suscita algumas questões.

 

Em primeiro lugar, e apesar das devidas conceções em virtude da utilização de uma ortografia setecentista francesa, algumas palavras parecem exibir erros ortográficos – o que, na verdade, não constitui uma ocorrência invulgar em leques de carácter histórico ou comemorativo, que frequentemente demonstram inusitados erros de tradução ou transcrição [8].

 

Já a data do matrimónio inscrita, 3 de março de 1668, denota uma inconsistência com a data histórica do casamento, cuja escritura matrimonial se terá realizado a 27 de março, a cerimónia matrimonial por procuração a 30 de março e a cerimónia presencial a 2 de abril desse ano. A data 3 de março poderá assim, eventualmente, fazer referência ao dia da caçada representada, ao dia da bênção do Bispo de Targa, D. Francisco de Sotomaior [9], ou resultar meramente de um equívoco do autor desta folha. Coincidentemente (ou não?), 3 de março de 1668 constitui a data da aprovação, ratificação e confirmação do Tratado de Lisboa por D. Pedro – já que este fora primeiramente assinado pelo seu irmão e antecessor, D. Afonso VI.

 

Uma incongruência bem mais evidente e problemática de clarificar reside na referência ao “Pape Innocent” – que poderá dizer respeito a Inocêncio XI (1611-1689), eleito como sumo pontífice da igreja católica apenas em 1676 –, quando, de fato, a dispensa papal para o matrimónio é concedida a 10 de dezembro de 1668, já após o casamento, durante o papado de Clemente IX (1600-1669).

 

A ladear a reserva central, sobre um fundo encarnado, encontram-se representadas as armas de Sabóia, em lisonja, e as de Portugal, estas últimas sem completa conformidade com o brasão da época em causa.

 

Nos cantos laterais superiores da folha figuram duas filacteras adicionais, lendo-se, na da esquerda, uma reiteração da data “3 Mars 1668” e, na da direita, “A. S. M. / La Reine / S. T. H. S. NA” (À Sa Majesté La Reine / Son trés humble serviteur / NA).

 

Tratando-se este “NA” de iniciais referentes à autoria desta folha, não podemos deixar de invocar Nicolas Arnoult, responsável pela gravura na qual se inspirou a representação da folha do anverso do leque. Apesar de, até à data, não nos ser possível apurar com convicção a existência de uma ligação entre o gravador e o reverso deste leque, consideramos curioso que existam nas coleções do British Museum, em Londres, e da Kunstbibliothek do Staatliche Museen, em Berlim, gravuras referentes a D. Pedro II, com desenho da autoria de Antoine Dieu (1662-1727) e gravação de Nicolas Arnoult [10].

 

Esta folha encontra-se visivelmente truncada, nomeadamente junto à guarda direita – enquanto o seu lado esquerdo termina com a continuação do emolduramento da folha, à direita esta é abruptamente amputada, junto à filactera – e na margem inferior da folha, na qual a moldura se encontra igualmente em falta. De forma idêntica, no anverso, a falta de uma legenda identificativa da princesa e o corte das primeiras letras da inscrição à direita poderão indiciar uma adaptação destas folhas a uma armação desadequada ao seu tamanho original.

 

 

Armação

 

A armação, em marfim profusamente esculpido e vazado, com aplicação de bronzes dourados de duas tonalidades, apresenta no colo três reservas: ocupando as três varetas centrais, um medalhão oval esculpido e dourado onde figura um casal galante com uma criança, sobre um fundo vazado em padrão de finas estrias paralelas; ladeando-o encontram-se duas reservas em simetria, com duas pombas douradas sobre um fundo vazado em grillé. A zona superior do colo exibe grinaldas vegetalistas e florais, suspensas por figuras infantis aladas. O topo das guardas apresenta vestígios de lâminas de mica sob o trabalho vazado do marfim, representando músicos. O pescoço das varetas é liso, e o seu rebite metálico tem cravado, de cada lado, um vidro incolor em imitação de diamante em talhe brilhante.

 

Leque 2 casamentos - armação FMA 3040

 

Esta armação integra-se na produção francesa característica da segunda metade de setecentos, na qual são frequentemente utilizados como materiais de suporte o marfim, a tartaruga ou a madrepérola [11].

 

 

Conclusões

 

Consideramos que este leque terá provavelmente sofrido uma remontagem durante o século XVIII ou mesmo no XIX, resultando no aproveitamento de uma armação francesa do século XVIII e de duas folhas de temática comemorativa – procedentes até, eventualmente, de dois leques diferentes.

 

Contudo, o aspeto atual da folha suscita algumas questões: por um lado, o bom estado da pintura, para uma folha seiscentista original; por outro, a consistência do suporte, que difere da das folhas deste período, tipicamente em pele. A identificação do material da folha poderia constituir um bom indício – caso se trate de pele, poderia constituir uma folha do século XVII ou XVIII, não se excluindo a possibilidade (e probabilidade) de ter sofrido repintes; se a folha for, na verdade, em papel de imitação de pele verdadeira (material em voga durante o século XIX e utilizado na manufatura de leques deste período), esta terá sem dúvida sido produzida posteriormente.

 

Poderia mesmo tratar-se de uma reprodução de duas folhas mais antigas, porventura a título comemorativo dos centenários dos acontecimentos retratados – talvez até dois séculos depois dos casamentos das princesas retratadas, aquando da subsequente ascensão de uma princesa de Sabóia ao trono português: D. Maria Pia de Sabóia (1847-1911).

 

Deste modo, colocam-se duas possibilidades: a primeira, que a folha não tenha sido armada logo após a sua manufatura, mas antes durante o século XVIII, data da armação sobre a qual se encontra presentemente montada – o que justificaria, ademais, a evidente amputação das suas margens laterais; ou que não se trate esta de uma folha original, mas de uma reprodução do século XVIII ou XIX de uma folha seiscentista, ou mesmo de duas folhas provenientes de leques distintos.

 

 

 

Proveniência

 

Este leque foi adquirido por António de Medeiros e Almeida ao antiquário António Costa, em Lisboa, em data desconhecida.

 

 

Joana Ferreira

Museu Medeiros e Almeida

 

 

[1] Marguerite-Louise Suzanne de Béthune (c. 1643-1726), casada em segundas núpcias com Henri de Daillon, Duque de Lude (1622-1685), foi dama da rainha Maria Teresa da Áustria de 1667 a 1683 e, já viúva, primeira-dama da princesa Maria Adelaide de Sabóia, de 1696 a 1712.

 

[2] Desenhador, gravador e editor parisiense com período de atividade conhecido entre 1650 e 1722, especializado em gravuras de moda, retratos e alegorias.

 

[3] Bibliothèque Nationale de France, Département Estampes et Photographie, RESERVE FOL-QB-201 (72). https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b84072799.r=nicolas%20arnoult?rk=1630909;2#.

 

[4] Assinale-se que, enquanto no primeiro catálogo este leque se encontra denominado “The apotheosis of the line of Louis XIV”, datado de cerca de 1697, e as figuras ao centro identificadas como D. Luís e D. Maria Adelaide, na publicação posterior o mesmo leque é intitulado “La victoire sur l’hérésie” e datado de cerca de 1685 a 1690, data anterior ao casamento dos príncipes. Tendo em conta a absoluta semelhança entre as imagens reproduzidas, consideramos que estas disparidades se devam a divergências de opinião entre os autores. De igual modo, a primeira autora referencia este leque como pertencente a uma coleção privada, em França. Por ocasião da segunda exposição enunciada, este encontra-se catalogado como pertencente à coleção do The Fan Museum (N.º inv. 2000 HA), deduzindo-se, portanto, que este museu o tenha adquirido entre as duas exposições (?). Pamela Cowen, A fanfare for the Sun King: unfolding fans for Louis XIV, 44-47; José de Los Llanos e Georgina Letourmy-Bordier, Le siècle d’or de l’éventail. du Roi-Soleil à Marie-Antoinette, 82-83.

 

[5] Ilustrado e identificado por Françoise de Perthuis e Vincent Meylan, em 1989, como pertencente a uma coleção privada; e por Paulo de Campos Pinto, em 2009, como na coleção do museu de Bordeaux(?). Françoise de Perthuis e Vincent Meylan, Eventails, 25 e 27; Paulo de Campos Pinto, “Ensaio sobre leques comemorativos portugueses”, 132.

 

[6] A Tapada Real de Alcântara, atual Tapada da Ajuda, é criada em 1645 como reserva de caça real por D. João IV, assim se designando por se encontrar em terrenos do Paço de Alcântara.  Constituiu um local da predileção de D. Pedro II, que aí se instala após o seu casamento com D. Maria Francisca e até falecer, em 1706.

 

[7] “Dedicado a Sua Majestade a Rainha Maria Francisca Isabel de Sabóia por ocasião do seu casamento com Sua Alteza Real o Príncipe Regente Dom Pedro de Portugal, a 3 de março de 1668, o Bispo de Targa deu a bênção em virtude do mandado confirmado pelo Papa Inocêncio” (tradução da autora).

 

[8] Note-se a utilização das palavras “didié”, em vez de dédié, ou de “domna”, ao invés de donna.

 

[9] D. Francisco de Sotomaior (ou Sottomayor), capelão-mor e deão da capela real de D. Afonso IV, e depois de D. Pedro II, Bispo de Targa e posteriormente Arcebispo Primaz de Braga, foi também quem havia dado a bênção por ocasião do primeiro casamento de D. Maria Francisca, com D. Afonso VI, e quem viria a batizar D. Isabel Luísa Josefa de Bragança, princesa da Beira, (1669-1690), filha única de D. Pedro II e D. Maria Francisca.

 

[10]Pierre Roy de Portugal”. Gravura. Paris, 1683-1696. The British Museum, N.º 1938,0311.6.70. https://www.britishmuseum.org/collection/object/P_1938-0311-6-70; “Pierre Roi de Portugal: Porträt Peter II”. Gravura. Paris, pós-1683. Staatliche Museen zu Berlin, Kunstbibliothek, N.º 14159360. https://recherche.smb.museum/detail/1878174. Infelizmente, as imagens não se encontram disponíveis online, mas a gravura na coleção do British Museum encontra-se descrita como “Pedro II of Portugal seated on a throne with a view of Lisbon”.

 

[11] Vejam-se outras peças exemplificativas deste tipo de armação nos leques na coleção: FMA 3416, FMA 3444 e FMA 3447.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

Cowen, Pamela. A fanfare for the Sun King: unfolding fans for Louis XIV. Londres: The Fan Museum, Third Millennium Publishing, 2003.

 

Ferreira, Joana. Biografia de uma colecção: Os leques da Casa-Museu Medeiros e Almeida. Dissertação de mestrado. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2016. http://hdl.handle.net/10362/18244.

 

Llanos, José de Los; Letourmy-Bordier, Georgina. Le siècle d’or de l’éventail. du Roi-Soleil à Marie-Antoinette. Paris: Éditions Faton, 2013.

 

Perthuis, Françoise de; Meylan, Vincent. Eventails. Paris: Hermé, 1989.

 

Pinto, Paulo de Campos. “Ensaio sobre leques comemorativos portugueses”. Separata Revista de Artes Decorativas, 3 (2009). Porto: Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

 

WEBGRAFIA

 

Gallica, Bibliothèque Nationale de France. https://gallica.bnf.fr/.

 

Staatliche Museen zu Berlin. Sammlungen Online. https://recherche.smb.museum/.

 

The British Museum. Collection online. https://www.britishmuseum.org/collection.

 

 

 

COMO CITAR / HOW TO CITE: 

 

Ferreira, Joana. Leque comemorativo de dois casamentos reais. Lisboa: Museu Medeiros e Almeida, 2023. https://www.museumedeirosealmeida.pt/pecas/leque-comemorativo/.

 

 

NOTAS:

 

Os nossos agradecimentos a Pierre-Henri Biger (Place de l’Éventail, http://www.eventails.net/), a Thomas DeLeo e a Maria Luísa e Norberto Pedroso, pelas valiosas contribuições ao estudo desta peça.

 

A investigação em História da Arte é um trabalho permanentemente em curso. Caso tenha alguma informação ou queira colocar alguma questão a propósito deste texto, agradecemos o contacto para: info@museumedeirosealmeida.pt.

Artista

Anverso da folha: Nicolas Arnoult (at. 1650-1722) (grav.); Reverso da folha: desconhecido, assinado “NA” (Nicolas Arnoult?); Armação: anónimo.

Ano

Poss. séc. XVIII ou XIX (folha); 2.ª metade do séc. XVIII, c. 1760-80 (armação).

País

Portugal ou França (folha); França (armação).

Materiais

Papel, guache, madeira, marfim, metal dourado, mica e vidro.

Dimensões

11 + 2. 26,5 x 49,5 cm. ∢ 165ᵒ

Category
Leques Europeus