MUSEU MEDEIROS E ALMEIDA

Situada no centro de Lisboa, a coleção de artes decorativas de António de Medeiros e Almeida (1895-1986) está exposta na casa que o empresário, colecionador e benemérito português habitou e transformou em museu em 1972.


Medeiros e Almeida foi uma figura de prestígio no plano empresarial português, tendo-se destacado em atividades como a importação de automóveis britânicos (Morris / Wolseley / Riley), a aviação comercial (Aeroportuguesa / Sata / Tap) e as indústrias açorianas de açúcar e de álcool (UFAA / Sinaga). O sucesso da sua carreira profissional permitiu-lhe dedicar-se paralelamente à constituição de uma coleção de obras de arte.


Casado com Margarida Pinto Basto (1898-1971), o casal adquire em 1943 um palacete construído em 1896, num dos quarteirões residenciais do centro de Lisboa. Em 1946, após obras de adaptação, fixam residência na rua Mouzinho da Silveira, 6.


O período pós-II Guerra Mundial, que coincide com a consolidação do seu percurso profissional, abre a Medeiros e Almeida as portas do mercado de arte internacional, tornando-se assíduo frequentador das mais afamadas leiloeiras e antiquários europeus e adquirindo o estatuto de grande colecionador.


Desde meados dos anos 60 que o casal acalenta a vontade de garantir a união e conservação do espólio colecionado ao longo dos anos, através de uma doação ao seu país. Em 1968 Medeiros e Almeida encomenda ao arquiteto Alberto Cruz uma ampliação da sua casa sobre o jardim e a adaptação do espaço existente a museu e muda-se, em 1970, para uma moradia vizinha.


Em 1972, de modo a cumprir os seus desígnios, o colecionador cria a Fundação Medeiros e Almeida, com o objetivo é de “… dotar o País com uma Casa-Museu…”.

A obra terminou em 1974, tendo no entretanto sido implementados os meios que o instituidor destinou à Fundação, para assegurar o seu suporte e autonomia financeira.


Em junho de 2001 o projeto museológico abriu as portas ao público, cumprindo-se a vontade de Medeiros e Almeida.


A coleção compreende duas áreas museológicas distintas: a ala que foi habitada pelos donos da casa, mantida tal como estava; e a que foi construída sobre o jardim da moradia, constituída por uma sucessão de espaços onde se recriam diferentes ambientes, com recurso a apainelados, tetos pintados e decoração de aparato.


Nas 27 salas do museu expõem-se cerca de 2.000 obras de arte nacionais e internacionais incluindo mobiliário, pintura, escultura, têxteis, ourivesaria, joalharia, cerâmica, leques e arte sacra, num conjunto de objetos que cobre um arco temporal do século II a.C. ao século XX.


A coleção carateriza-se por um gosto muito eclético, de predominância francesa, destacando-se entre o acervo quatro coleções, expostas em salas próprias: a dos Relógios, a de Cerâmica da China, a das Pratas e a dos Leques.
O acervo destaca-se ainda pelo valor histórico-artístico revelado na sua proveniência, incluindo peças como um serviço de chá em prata portuguesa que acompanhou Napoleão Bonaparte no exílio, um relógio de bolso da casa Breguet encomendado pelo general francês Junot que, por ironia do destino, acabou nas mãos do general inglês Duque de Wellington, seu rival. Entre as coleções destacam-se ainda um leque francês com as armas da Imperatriz Eugénia do Montijo, um bidé de porcelana da China encomendado para a família real francesa, um raro e curioso relógio de noite do século XVII ou peças de porcelana encomendadas pelos Portugueses há cerca de 500 anos…


São tantas as histórias, é preciso conhecer o Museu ao vivo!