DESTAQUE SETEMBRO 2022

DESTAQUE SETEMBRO 2022

 

Mosquetes de Roda

Mosquetes de roda

A Coleção de Armas do Museu Medeiros e Almeida

 

A coleção do Museu Medeiros e Almeida integra, em reserva, um conjunto de armas muito eclético e representativo das diferentes tipologias desta categoria de objeto – armas brancas, armas de fogo, armaduras, munições e outras -, com exemplares datados do século XVI ao século XX, provenientes de diferentes países europeus (Portugal, Espanha, Itália e Inglaterra), mas também de regiões em África, no Médio e Extremo Oriente, e na Oceânia.

Apesar de se tratar de um núcleo pouco numeroso, e na verdade pouco coeso, contém alguns exemplares de interesse, sobretudo pela sua qualidade técnica e decorativa, mas também pelos aspetos simbólicos de que se revestem. Entre estes, destacamos dois mosquetes de sistema de roda, um alemão e o outro austríaco, datados de finais do século XVII a inícios do XVIII.

Se, por um lado, a sua beleza material e ornamental indica tratarem-se de peças de aparato, símbolos de riqueza, poder e status do seu proprietário, pelo outro, a qualidade técnica da sua manufatura aponta para a sua utilização, destinada ao tiro ao alvo e à caça da sociedade aristocrática.

 

 

Armas de Fogo e o Sistema de Roda

 

A origem das armas de fogo remonta ao século XIV, com a introdução da pólvora na Europa; contudo, a utilização de armas de fogo portáteis apenas se generaliza a partir de inícios do século XVI.

As primeiras armas de fogo portáteis são ainda bastante longas e pesadas, apoiadas no solo com o auxílio de uma forquilha e de carregamento frontal. A evolução do seu mecanismo de disparo, ao longo dos séculos XVI e XVII, vem aumentar a sua portabilidade, eficiência e utilidade.

A designação desta tipologia de arma constitui um tema que suscita algumas questões, encontrando-se em uso, indiferenciadamente, diferentes classificações, como “espingarda”, “arcabuz” e “mosquete”, consoante o país e a época em causa, e muitas vezes a preferência do utilizador. O termo “mosquete” surge pela primeira vez em inícios do século XVI, e deverá proceder da palavra italiana “moschetto”, cujo significado inicial seria o de uma cria de gavião; mais tarde, serviu para designar a calha de disparo da flecha de uma besta; seguidamente, a munição de uma arma de fogo e, finalmente, a própria arma.

Independentemente do significado da sua designação, o mosquete é uma arma de fogo disparada a partir do ombro, portátil, embora de grandes dimensões e peso considerável, e é aquela que, de um modo geral, mais tem servido para designar o tipo de armas aqui em análise.

O seu primeiro meio de disparo constituiu o sistema de mecha, que funciona, como o nome indica, através de uma mecha de ignição lenta que, após acionado o gatilho, é aproximada à carga propulsora, originando o disparo.

Mais tarde, o engenhoso sistema de roda veio eliminar a necessidade de uma mecha acesa, produzindo faíscas de forma mecânica (semelhante à de um isqueiro moderno), funcionando através de uma roda em aço serrilhado sobre um eixo giratório, em torno do qual se enrola uma correia de três elos, presa a uma mola em folha, colocada em tensão com uma chave de armar a roda. Quando o gatilho é acionado, a mola solta-se, puxando a correia e fazendo girar a roda, que por sua vez é friccionada contra um pedaço de pirite colocado na abertura da caçoleta (orifício que conduz ao interior do cano), produzindo faíscas que geram a ignição da pólvora, projetando a munição.

Não se conhecem ao certo as origens do mecanismo de roda. A sua proveniência é geralmente atribuída a Itália, mais a norte, na Alemanha, ou mesmo na Hungria. As evidências documentais colocam a sua invenção nos primeiros anos do século XVI, como é o caso do Codex Löffelholz, na Biblioteca Jagiellonian (Cracóvia), da autoria de Martin Löffelholz e datado de 1505, onde figuram os desenhos de diversas armas e instrumentos de caça, incluindo o de um sistema de roda [1]. O célebre volume de desenhos e textos de Leonardo da Vinci, conhecido como Codex Atlanticus, conservado na Biblioteca Ambrosiana (Milão), inclui igualmente uma página dedicada a dois protótipos de mecanismos de disparo, um destes muito semelhante ao mecanismo de roda (embora este possua uma mola helicoidal e não em folha), datada de 1513 [2]. No entanto, pensa-se hoje que estes autores terão desenhado, não uma criação de sua autoria, mas um mecanismo já em existência, possivelmente desde finais do século XV.

Independentemente da sua procedência, a utilização generalizada do mecanismo de roda deu-se pela primeira vez na Alemanha, em cerca de 1520, e o seu aperfeiçoamento e adaptação à armaria ter-se-á devido à indústria relojoeira do sul deste país, onde se encontravam os melhores engenheiros mecânicos do seu tempo [3]. O advento do sistema de roda representou um considerável avanço tecnológico, comparativamente às mais falíveis, voláteis, volumosas e pesadas armas de mecha: era agora possível transportar uma arma carregada e pronta a disparar instantaneamente.

A maior complexidade deste mecanismo exigiu à sua manufatura um saber técnico mais preciso, submetido à aprovação das gunmakers guilds e transmitido empiricamente, de geração em geração, o que assegurou à profissão de armeiro, a partir do século XVI, um elevado estatuto. Contudo, e consequentemente, estas armas eram muito mais dispendiosas. Por este motivo, nunca suplantaram o sistema de mecha a nível de números de produção e como arma militar standard para infantaria. Ambos os sistemas coexistiram durante o início do século XVII, assim como, mais tarde, com os primeiros exemplares de sistema de pederneira.

O sistema de roda mantém-se, no entanto, em produção até inícios de setecentos, mais precisamente até aos anos 30, em que constitui já caso de exceção. É suplantado pelo derradeiro desenvolvimento do sistema de pederneira, a partir de meados do século XVII, por todo o lado exceto na Alemanha e nas zonas sob a sua influência. Aqui, os fechos de roda continuam em uso, sobretudo como armas de aparato, até à segunda metade do século XVIII.

As peças presentemente em análise são representativas deste contexto e período de desenvolvimento dos mosquetes de roda. Estas armas mais tardias (pós-1650) podem habitualmente ser reconhecidas pelo seu mecanismo, totalmente no interior da arma. Outras adaptações destes exemplares mais tardios, patentes nos mosquetes da coleção incluem: a tampa da caçoleta, que desenvolve uma curva para cima, reduzindo a exposição do rosto do atirador a fagulhas de pólvora; de igual forma, a cabeça do cão adquire uma cobertura em placa, para evitar a projeção de lascas de pirite na direção do atirador; e a cabeça do cão exibe uma longa extremidade em contracurva, que facilita a sua rotação nas suas duas posições, a de acesso à caçoleta e a de disparo.

 

 

MOSQUETE DE RODA (FMA 8566)

 

AUTOR: Kuchenreuter, poss. Johann Christoph Kuchenreuter (c. 1670-1742) (armeiro); Johann Georg Gutwein (c. 1650-1718) (gravador da chapa de fecho)

DATA: Finais do séc. XVII a inícios do séc. XVIII

LOCAL: Ratisbona (Alemanha)

MATERIAIS: Aço, ferro, latão dourado, madeira de nogueira e marfim

DIMENSÕES: C. 109 x L. 11 cm

FMA 8566

Mosquete de caça e de aparato com fecho de roda, de produção alemã de finais do século XVII a inícios do século XVIII, cujo programa decorativo ostenta o gosto carregado do barroco alemão.

 

 

Descrição

 

Cano em aço octogonal a todo o comprimento, com alma de sete estrias, fixo por três parafusos de cada lado do fuste, outros dois na coronha e um na culatra. As cinco faces expostas do cano são lisas, à exceção da superior, que possui uma inscrição entre a alça e a culatra.

 

Duque Henrique de Saxe-Römhild

Duque Henrique de Saxe-Römhild. Peter Schenk, o Velho (1660-1711) (grav.). Kupferstichkabinett, Staatliche Kunstsammlungen Dresden.

Esta inscrição, leia-se “Si Deus pro nobis, quis contra nos?” (Se Deus é por nós, quem será contra nós?), constitui não apenas uma citação parcial do versículo 31 do capítulo 8 da Epístola de S. Paulo aos Romanos (“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”), mas também a divisa do Duque Henrique de Saxe-Römhild (1650-1710), governador do ducado da Turíngia (Alemanha), indicando-o como possível proprietário desta arma.

 

Ao centro da inscrição no cano encontra-se uma punção circular, representando um cavaleiro a galope empunhando um sabre. Esta corresponde à marca da família Kuchenreuter, responsável pela sua manufatura desta arma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ponto de mira e alça também em aço, esta última com três lâminas, duas destas móveis, para três distâncias, cuja peça prossegue ao comprimento do cano no formato de um enrolamento vegetalista estilizado.FMA 8566 – Mosquete de roda

O fuste e o canudo da vareta formam uma única peça, em madeira integralmente entalhada e intricadamente ornamentada com embutidos em marfim (à semelhança de toda a coronha desta arma) apresentando, nesta zona, enrolamentos vegetalistas e motivos fitomórficos (árvores, flores e folhas), zoomórficos (cães, raposas, veados e cavalos) e antropomórficos (cavaleiros e figuras mitológicas ou alegóricas). Bocais do fuste e do canudo da vareta e ponta da vareta em marfim entalhado e pintado, segundo motivos vegetalistas.

Fecho de roda, com a roda no interior da coronha, em ferro profusamente cinzelado, representando na zona do cão e da mola do cão duas figuras híbridas com caudas de peixe. A cabeça do cão possui uma longa extremidade em contracurva, facilitando a sua rotação, que se encontra partida.

Na chapa de fecho, do lado direito da coronha, encontra-se minuciosamente cinzelada uma cena alusiva ao milagre de Santo Humberto (656-727), patrono dos caçadores, assinada “Johann Georg Gutwein sculpsit”. O eixo é de secção quadrada, encontrando-se em falta a chave de armar a roda, necessária ao funcionamento da arma.

FMA 8566 – Mosquete de rodaAinda deste lado, na coronha, encontra-se uma tampa, com um botão em marfim que a faz deslizar e revela uma caixa que serviria para alojar munições prontas a disparar (envoltas em tecido oleado ou mesmo papel, com ou sem pólvora), buchas ou pirites suplentes.

Do lado oposto, na contraplatina, encontra-se aplicada uma chapa em latão dourado, vazado e cinzelado, decorada com uma cena de caça ao veado, interrompida pelas duas cavilhas de fixação do cano à coronha.

De seguida, neste lado do couce, a malha decorativa que preenche toda a madeira desta arma, embutida em marfim, dá lugar à cena bíblica de Adão e Eva no jardim do Éden, junto à árvore da vida e à serpente.

Guarda-mato, com apoio de dedos, aplicado em chapa à coronha, em latão dourado. A chapa de couce possui batente.

 

 

A família Kuchenreuter

 

A família de armeiros Kuchenreuter tem origem em Steinweg, uma localidade próxima de Ratisbona (Regensburg), por volta do ano de 1695, quando Johann Christoph Kuchenreuter (c. 1670-1742), aprendiz de um mestre armeiro, de nome Wilfing (-1695), casa com a sua viúva e assume a sua oficina. Os três filhos de Johann Christoph Kuchenreuter, Johann Jacob (1709-1783), Joseph (1712-1769) e Johann Andreas (1716-1795), dedicam-se à mesma profissão, fundando uma dinastia de fabricantes de armas de fogo de elevada qualidade técnica e expressão artística, conhecidos pela sua produção para o Rei da Baviera, os Duques da Áustria, os Czares da Rússia, bem como Napoleão e Frederico II da Prússia. A sua manufatura sobrevive, inclusivamente, até aos dias de hoje.

A marca de Johann Christoph Kuchenreuter, utilizada posteriormente por todos os seus descendentes, é a de um cavaleiro a galope empunhando com um sabre.

FMA 8566 - Kuchenreuter

 

Atribuímos a autoria (mais provável) da presente arma ao próprio Johann Christoph Kuchenreuter (c. 1670-1742), pois apresenta características de finais do século XVII a inícios do XVIII, e inclusivamente alguns detalhes similares aos de uma arma de autoria atribuída a G. A. Wilfing, de Ratisbona [4].

 

 

 

 

 

 

Johann Georg Gutwein (c. 1650-1718)

 

Johann Georg Gutwein (c. 1650-1718), autor da gravação da chapa de fecho desta arma, provém da mesma região alemã que a família Kuchenreuter, Ratisbona. Foi um célebre desenhador, pintor e gravador empregue pela corte de Liechtenstein, especialmente reconhecido pela sua pintura em trompe l’oeil, projetos de arquitetura efémera e trabalhos decorativos para instrumentos científicos.

 

 

 

MOSQUETE DE RODA (FMA 8567)

 

AUTOR: Marcus Zelner (1693-1758) (armeiro)

DATA: c. 1730-40

LOCAL: Viena (Áustria)

MATERIAIS:  Aço, ferro, latão dourado, madeira de nogueira e ouro

DIMENSÃO: C. 115 x L. 19

FMA 8567 – Mosquete de rodaMosquete de caça (número 2 de um par) representativo da fase final das armas com fecho de roda, a primeira metade do século XVIII, assinado no cano pelo mestre armeiro Marcus Zelner (Salzburgo, 1693 – Viena, 1758). Distinguindo-se pela sua qualidade técnica e decorativa, esta peça exemplifica o distintivo estilo das armas de aparato vienenses deste período.

 

 

Descrição

 

Cano em aço, exibindo indícios do seu acabamento original oxidado (bluing), octogonal a todo o comprimento e com alma de oito estrias, fixo por duas cavilhas na contraplatina e um parafuso na culatra. As três faces superiores do cano ostentam embutidos a ouro, representando volutas e enrolamentos vegetalistas, bem como, na face superior, entre a alça e a culatra, a inscrição a ouro “Marcus Zelner in Wienn” e, sobre o parafuso de fixação, o número “2”, cinzelado. Ponto de mira e alça em latão dourado aplicado. A alça possui três lâminas, duas destas móveis, para três distâncias, gravadas com volutas.

Fuste e vareta (ou baqueta de carregamento) em madeira de nogueira, o fuste com estrias duplas de ambos os lados, acompanhando a vareta. Bocal do fuste e três canudos de vareta em latão dourados, gravados, o primeiro, com frisos, e os segundos com enrolamentos vegetalistas.

Coronha em madeira de nogueira entalhada segundo enrolamentos vegetalistas, com aplicações de chapas em latão dourado e cinzelado.

Sistema de disparo com fecho de roda, encontrando-se esta no interior da fecharia, em ferro integralmente cinzelado com arabescos, uma figura feminina (alegórica?) com uma criança, e a figura de um cão, situada, apropriadamente, na cobertura da mola do cão. Na chapa de fecho, do lado direito da coronha, encontra-se representada uma elaborada cena de caça ao javali. O eixo é em secção quadrangular e a chave de armar, essencial ao funcionamento da arma, encontra-se em falta.

Ainda deste lado, na zona da coronha, encontra-se o característico compartimento de reserva, dissimulado por uma tampa de deslizar acionada por um botão na chapa de couce, decorada com chapas de latão dourado, recortadas e cinzeladas com arabescos e motivos venatórios, caçadores e cães de caça.

FMA 8567 – Mosquete de rodaDo lado oposto, encontra-se aplicada uma chapa em latão dourado, vazado e cinzelado, decorada com uma cena de caça à lebre, interrompida pelas duas cavilhas de fixação do cano.

O guarda-mato, com apoio de dedos, encontra-se aplicado à coronha, em chapa de latão dourado ornamentado com volutas e enrolamentos vegetalistas, repetindo-se aqui a inscrição cinzelada “2”. O gatilho é em ferro gravado e em forma de folha de acanto estilizada, com três pequenas perfurações.

FMA 8567 – Mosquete de rodaA chapa de couce, igualmente em latão dourado, apresenta cinzelada uma figura feminina acompanhada por um cão, tratando-se provavelmente de Diana, deusa romana da caça (ou Ártemis, a sua correspondente na mitologia grega), emoldurada por mais arabescos.

 

 

Marcus Zelner (1693-1758)

 

O armeiro e local de fabrico desta peça encontram-se identificados no cano, inscrito, com grande visibilidade, “Marcus Zelner in Wienn” (Marcus Zelner em Viena).

A inscrição diz respeito a Marcus Zelner (cujo nome surge por vezes soletrado como “Zellner”), armeiro nascido em 1693 em Zell am Wallersee, uma pequena cidade a norte de Salzburgo, filho de Marcus Balthasar Zelner e procedente de uma longa linhagem de célebres fabricantes de armas de fogo com oficinas em Zell am Wallersee, Salzburgo e Viena.

FMA 8567 – Mosquete de roda

 

 

 

Durante o século XVIII a associação de armeiros (gunmakers guild) de Viena requeria a submissão de uma arma de fecho de roda produzida na sua totalidade (fecho, coronha e cano), e Zelner terá produzido uma destas obras e sido admitido como mestre armeiro em 1726. Estabelece-se então em Viena, onde abre oficina e casa dentro da profissão, com Anna Katerina, filha de Felix Meier (c. 1672-1739), um dos mais importantes mestres armeiros da corte vienense de inícios do século XVIII.

Zelner vive e trabalha em Viena até à sua morte, em 1758, e é sabido que vem a produzir armas para a corte imperial austríaca e de Liechtenstein, encontrando-se ainda hoje um mosquete de roda de sua autoria, de comparável qualidade, na coleção de armaria dos príncipes de Liechtenstein, no Castelo de Vaduz[5].

A datação desta arma poderá assim balizar-se entre 1726 e 1758, ou seja, o período de atividade (em Viena) de Marcus Zelner. Sabendo, através de outros exemplares, que esta família de armeiros produz mosquetes de fecho de pederneira já durante o primeiro quartel do século XVIII, e considerando que o sistema de roda se encontra em declínio, a favor do de pederneira, a partir de 1951 – data do primeiro inventário sobrevivente do Gewehrkammer do Príncipe Joseph Wenzel de Liechtenstein (1696-1772)[6] -, tratar-se-á provavelmente de um exemplar de inícios da sua atividade. Comparativamente aos mosquetes de roda da autoria de Marcus Zelner que conhecemos[7], datados de cerca de 1740, colocamos assim a sua datação em cerca de 1730-40.

O mosquete que constitui o número 1 deste par encontra-se, à data do presente estudo, em Paris, na coleção da antiquária Sylvie Lhermite-King[8], especialista em obras de arte europeias do século XVI ao XVIII.

 

 

 

 

 

Proveniência

 

Os mosquetes fazem ambos parte do conjunto de armaria levado ao leilão de “Antiguidades e Objectos de Arte” da Soares & Mendonça, a 9 de novembro de 1957, nos salões do andar nobre do antigo Palácio Ficalho, em Lisboa (Rua Luz Soriano, 53)[9].

Os lotes 437 (FMA 8566) e 438 (FMA 8567) foram adquiridos por António de Medeiros e Almeida neste leilão, respetivamente, por 15.000 e 12.000 escudos. Desconhece-se a sua procedência anterior.

 

Soares & Mendonça, 1957

Catálogo de Antiguidades e Objectos de Arte. Lisboa: Soares & Mendonça, Gráfica Monumental, 1957 – Arquivo documental da Fundação Medeiros e Almeida.

 

 

Joana Ferreira

Conservadora

Museu Medeiros e Almeida

 

 

[1] Vd. Löffelholtz-Kodex. Abbildungen und Beschreibungen von allerlei Handwerkszeugen, Folterinstrumenten, Jagdgeräten, Waffen … und anderen Unterhaltungsaufgaben. 1505. http://jbc.bj.uj.edu.pl/Content/258834/NDIGORP008581.pdf.

[2] Vd. Codex Atlanticus, Biblioteca Ambrosiana, The Visual Agengy. https://codex-atlanticus.ambrosiana.it.

[3] Walker, John. Guns & Gunmakers. An illustrated guide to guns, gunmakers, inventors, patentees, trademarks and brand names. Londres: Nevill Publishing, International Military Antiques Inc., 2013, 31-32.

[4] Embora se encontre datada de c. 1720, esta data parece contrariar o ano de morte deste armeiro, 1695, sendo provavelmente anterior a esta data.

[5] Que integrou a exposição “Liechtenstein: The Princely Collections” no Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque em 1985-86. Baumstark, Reinhold. Liechtenstein: The Princely Collections. Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art New York, 1985, 141.

[6] Onde se encontram listadas mais de uma centena de armas de fogo de fabrico vienense, entre as quais o acima referido mosquete de roda da autoria de Marcus Zelner. Vd. Baumstark, Liechtenstein: The Princely Collections, 7.

[7] Nomeadamente o da coleção dos príncipes de Liechtenstein (Baumstark, Liechtenstein: The Princely Collections, 30-31); e o par deste (Wheellock rifle – Marcus Zelner, Anticstore. https://www.anticstore.art/84032P).

[8] Vd. Wheellock rifle – Marcus Zelner, Anticstore. https://www.anticstore.art/84032P.

[9] Catálogo de Antiguidades e Objectos de Arte. Lisboa: Soares & Mendonça, Gráfica Monumental, 1957, 32, 40.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

Bandeira, L. Glossário Armeiro: Séculos XI a XIX. Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1993.

Baumstark, Reinhold. Liechtenstein: The Princely Collections. Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art New York, 1985.

Blair, Claude. European & American Arms: c. 1100-1850. Nova Iorque: Crown Publishers, 1962.

Caravana, J. Rituais de Poder: Armas Orientais – Coleção de Jorge Caravana. Lisboa: Caleidoscópio, 2010.

Catálogo de Antiguidades e Objectos de Arte. Lisboa: Soares & Mendonça e Gráfica Monumental, 1957.

Galamba, U. F. “A Coleção de Armas do Museu de Évora”, Caetano, J. (coord.). Cenáculo: Boletim Online do Museu de Évora, 3, setembro de 2008, 5-12.

Monge, Maria de Jesus (coord.). Armaria do Paço Ducal de Vila Viçosa. Lisboa: Fundação Casa de Bragança, 2001.

Walker, John. Guns & Gunmakers. An illustrated guide to guns, gunmakers, inventors, patentees, trademarks and brand names. Londres: Nevill Publishing, International Military Antiques Inc., 2013.

 

 

WEBGRAFIA

 

Codex Atlanticus, Biblioteca Ambrosiana, The Visual Agengy. https://codex-atlanticus.ambrosiana.it.

Löffelholtz-Kodex. Abbildungen und Beschreibungen von allerlei Handwerkszeugen, Folterinstrumenten, Jagdgeräten, Waffen … und anderen Unterhaltungsaufgaben. 1505. http://jbc.bj.uj.edu.pl/Content/258834/NDIGORP008581.pdf.

Wheellock rifle – Marcus Zelner, Anticstore. https://www.anticstore.art/84032P.

 

 

COMO CITAR / HOW TO CITE

 

Ferreira, Joana (2022). Mosquetes de roda. Lisboa: Museu Medeiros e Almeida. https://www.museumedeirosealmeida.pt/pecas/destaque-setembro-2022/.

 

 

NOTAS

 

Os nossos agradecimentos a Thierry Bernard-Tambour, pelas informações amavelmente prestadas acerca do mosquete que constitui o par do n.º de inventário FMA 8567, presentemente na coleção da antiquária Sylvie Lhermite-King, em Paris.

 

A investigação em História da Arte é um trabalho permanentemente em curso. Caso tenha alguma informação ou queira colocar alguma questão a propósito deste texto, agradecemos o contacto para: info@museumedeirosealmeida.pt.

Autor

Vários

Data

Final do século XVII a início do século XVIII

Local

Alemanha e Áustria

Materiais

Aço, ferro, latão dourado, ouro, madeira de nogueira, marfim

Dimensões

C. 109 x L. 11 cm / C. 115 x L. 19 cm

Category
Armas, Destaque
Tags
Mosquetes de roda