Relógio com barómetro, século XVIII ou XIX? – Destaque em Julho 2020

Destaque em Julho 2020

“Relógio com barómetro, século XVIII ou XIX?” – Destaque em Julho 2020

 

Relógio e barómetro sobre pedestal

Relógio: Estienne Baillon, ativo início século XVIII

Caixa e pedestal: André-Charles Boulle (1642-1732)

Paris, França, início séc. XVIII , c. 1700

Ébano, tartaruga, bronze dourado, latão, esmalte, aço e vidro

Relógio: Alt. 137 cm x Larg. 74 cm

Pedestal: Alt. 157,5 cm x 74 cm

 

 

Na Sala Luís XIV da Casa-Museu encontra-se um relógio de mesa com barómetro assente num pedestal cuja decoração se deve ao marceneiro preferido do rei Luís XIV, e onde se inclui um conjunto escultórico em bronze dourado, a tronar a composição representando o mesmo Rei Sol em toda a sua majestade. Trata-se de uma peça que conjuga a excelência da marcenaria francesa do reinado deste monarca no caraterístico trabalho do marceneiro do rei (“Ébéniste du Roi”) André-Charles Boulle, com a arte da relojoaria e dos instrumentos científicos.

André-Charles Boulle, também escultor do rei, teve o privilégio de trabalhar nas oficinas reais de mobiliário no Louvre a partir de 1672, onde produziu elaboradas peças decoradas com elementos escultóricos em bronze e revestidas com uma refinada técnica de marqueteria que produzia intricados padrões com materiais contrastantes – madeiras como o ébano ou polidas a negro (e também carapaça de tartaruga) e metais como o latão e bronze dourado – criando um forte efeito claro-escuro que ficou conhecida como “estilo boulle”.

Foi esta a técnica utilizada no conjunto em estudo sendo os materiais o ébano, a tartaruga e o latão dourado. O relógio e barómetro estão reunidos numa única peça, trata-se de uma caixa elevada em seis pés, com base formada por três níveis sobre a qual assenta um módulo central com o relógio encimado pelo barómetro. A estrutura é inteiramente revestida a tartaruga com painéis marchetados de latão dourado formando enrolamentos de elementos vegetalistas que se destacam sobre o fundo escuro – neste caso, em que a decoração é mais clara que o fundo chama-se à técnica première-partie.

 

 

A complementar a decoração vários elementos escultóricos em bronze dourado, todos aludindo a Luís XIV: a encimar o mostrador do relógio, uma composição com o rei sentado no trono, sob baldaquino e panejamentos, entre as figuras da Justiça e a Força de Espírito acompanhadas de um dragão cada, a ladear o mostrador as figuras da Fama e História, e por baixo, um terceiro dragão a morder a cabeça de um carneiro sobre as figuras de dois cativos esmagados no chão entre panejamentos e troféus, simbolizando a vitória sobre o inimigo. Sob este elemento surge um medalhão envolto em folhagem com as armas reais de França, ao centro estariam gravadas as flores-de-lis que porém foram apagadas (provavelmente no contexto da França revolucionária) mas mantêm-se os cordões dos colares das Ordens de São Miguel e do Espírito Santo (embora neste também tenha sido apagada a estrela de oito pontas do distintivo da Ordem) bem como a “mão de justiça” e o cetro que encimam a composição.

 

 

Sobre o baldaquino, no topo da composição eleva-se o mostrador do barómetro, em semicírculo, com a numeração em bronze dourado e cinzelado e três cartelas de esmalte branco com as leituras: PLUVIEUX / CHANGEANT / BAU TEMPS, as duas primeiras apresentam antes e depois das palavras duas pequenas flores pintadas e a última sabemos que é proveniente de um restauro de pós-II Guerra Mundial, não representando as referidas florzinhas. Sobreposto ao barómetro destaca-se uma máscara de Apolo, em forma de sol radiante – também outra representação ao rei sol -, ladeada por querubins em bronze dourado bem como um outro, com uma coroa na mão que remata toda a composição.

 

O mostrador de bronze cinzelado e dourado tem numeração (I-XII) romana, pintada a azul em reservas de esmalte branco e numeração árabe (1-60) em arco exterior. Apresenta quatro orifícios correspondentes às cordas do movimento, do toque às horas, do toque às meias horas e do carrilhão, sendo que o das 12h, de menor dimensão, serve para ajustar a marcha do relógio ou seja, como é difícil chegar ao pequeno pêndulo pela parte de trás, com esta chave aumenta-se ou diminui-se a distância entre o ponto de apoio do pêndulo e o seu centro de gravidade. A encimar o mostrador numa pequena placa de esmalte branco, inserida entre os elementos decorativos do relógio, encontra-se a assinatura do relojoeiro: Estienne Baillon Paris.

Em termos mecânicos, a máquina é de três rodagens acionadas por mola real, com escape de âncora e pêndulo pequeno. Toca horas e quartos de hora em três campainhas de campanil, com dois martelos. O controlo de badaladas é feito por roda contadora de horas. Tem autonomia semanal. Está novamente assinado no exterior da platina traseira: Paris Estienne Baillon.

O barómetro encaixa-se pela parte de trás do relógio correndo a sua estrutura numa calha construída nas costas da caixa do relógio protegida por comprida porta. O barómetro está em condições de funcionamento possuindo todas as peças originais; três tubos com mercúrio, os pesos, os cabos e a roda, provando que efetivamente fazia a medição da pressão atmosférica, indicando no seu mostrador as respetivas condições atmosféricas.

O relógio-barómetro assenta sobre alto pedestal facetado, em estípide, de cinco lados, composto por soclo, corpo e topo. Toda a estrutura, dividida em painéis delimitados por frisos de bronze dourado, é decorada com marchetados de latão dourado formando elaborados enrolamentos e flores sobre fundo de tartaruga (première-partie) e com aplicação de um florão em bronze dourado ao centro da base e de uma palmeta a coroar o topo do corpo. O pedestal assenta, por sua vez, em base de dois níveis, lisa.

Os motivos decorativos do pedestal e do corpo do relógio-barómetro não são semelhantes indicando que, à partida, as duas peças não foram feitas para serem um conjunto. Terão sido emparelhadas em altura desconhecida do seu percurso, anterior aos registos conhecidos.

 

O relojoeiro

Não existe grande informação sobre este relojoeiro sendo a entrada sobre ele no maior dicionário de relojoeiros – o vulgo Britten’s (vide bibliografia) – muito lacónica com a indicação: “c.1750 Paris”.

Sabe-se no entanto que Estienne (Étienne) Baillon trabalhou por volta da primeira metade do século XVIII em Paris, e que era filho do também relojoeiro Jean-Baptiste I Baillon, este proveniente de Rouen. Estienne foi aprendiz de Isaac Thuret e do seu filho Jacques, ambos relojoeiros do rei instalados nas Grandes Galerias do Louvre, junto à oficina do marceneiro real André-Charles Boulle com quem tinham relações familiares e profissionais já que se conhecem exemplares de relógios dos Thurets em caixas de Boulle (por exemplo na Frick Collection, Nova Iorque (https://collections.frick.org/objects/1562/barometer-clock).

Como era costume na época, casou no meio artístico com a neta do pintor de flores Jean-Baptiste Monnoyer, também pintor das manufaturas de têxteis Beauvais e Gobelins. Já por conta própria estabeleceu a sua oficina primeiro na rua Orties (1708) e mais tarde, em 1714, na rua de Richelieu bem no centro de Paris.

Estas relações e a mudança para a rua de Richelieu, mais perto do palácio do Louvre, posicionaram Étienne num circuito de encomendas que explica a magnificência da peça em estudo, assinada por Baillon, em caixa de André-Charles Boulle. Infelizmente não conhecemos a identidade do encomendador da peça.

 

Proveniência

A história da proveniência recente deste conjunto é conhecida sendo um caso que sofreu um grande desaire mas que acabou por ter um final feliz.

O registo mais antigo do relógio e pedestal situam o conjunto na coleção da família Rothschild, no castelo de Ferrières, situado no Seine-et-Marne, a cerca de 30 km de Paris.

O castelo de Ferrières foi mandado construir em 1855 pelo barão James de Rothschild (1792-1868), ao arquiteto inglês James Paxton, a quem encomendou um castelo neorrenascença, parecido ao de Mentmore, do primo inglês, mas do dobro do tamanho. (https://www.chateaudeferrieres.com/)

O enorme castelo foi erguido sobre o local de uma antiga propriedade que pertencera a Joseph Fouché (1759-1820), ministro da Polícia de Napoleão I tendo o terreno sido adquirido aos seus descendentes. O castelo foi luxuosamente decorado pelo barão, com a ajuda do aguarelista e decorador Eugène Lami (1800-1890). Sendo James de Rothschild um grande colecionador de obras de arte foi este provavelmente que adquiriu o conjunto.

Em 1868 o castelo foi herdado pelo seu filho, o barão Alphonse de Rothschild (1827-1905), que foi banqueiro e também colecionador tendo alargado as coleções do castelo.

Durante a II Guerra Mundial a propriedade foi tomada pelas tropas alemãs, as quais saquearam obras de arte do castelo, entre as quais, o relógio e pedestal. As peças foram enviadas pela ERR (Einsatzstab Reichsleiter Rosenberg), organização que lidava com a apropriação de obras de arte durante o período nazi, para o castelo de Neuschwanstein na Bavaria, Alemanha, estando documentada nos arquivos da ERR a sua passagem pelo museu Jeu de Paume no Jardim das Tulherias em Paris, local onde se concentravam as obras antes de partirem para o seu destino. (https://www.errproject.org/jeudepaume/card_view.php?CardId=14521)

De acordo com a documentação, a 23 de Novembro de 1945, as peças foram repatriadas e entregues aos legítimos proprietários tendo regressado a Ferrières pela mão do bisneto de James, o barão Guy de Rothschild (1909-2007), filho de Alphonse.

 

A propósito desta documentação, a imagem constante no processo do relógio revela a falta da placa correspondente à indicação de bom tempo no barómetro. Visto que aquando da compra por Medeiros e Almeida já existia uma placa indicadora com a legenda “BAU TEMPS” conclui-se que esta terá sido mandada fazer após 1945. Talvez com o intuito de marcar o facto de não ser original, esta placa não apresenta as florinhas que antecedem e precedem a inscrição nas outras duas placas.

O castelo esteve abandonado até 1959, ano em que Guy e a mulher Marie-Hélène van Nyevelt (1927-1996) o voltaram a habitar e redecorar, tendo aí realizado célebres e concorridas festas temáticas (nomeadamente com convidados portuguesas) como em 1971 o Baile Proust que comemorava o centésimo aniversário de nascimento do escritor, ou o Baile Surrealista, realizado em dezembro de 1972, organizado com a ajuda de Salvador Dali, amigo pessoal da baronesa. (https://therake.com/stories/icons/party-animals-the-rothschild-surrealist-ball/)

Em 1963 a publicação “Merveilles des châteaux de l’île-de-france” (Hachette, 1963) publica um artigo sobre o castelo que é ilustrado com imagens de interiores como do imponente átrio de entrada de Ferrières onde ainda se pode ver o relógio sob o pedestal.

Em 1975 o Barão Guy doou o castelo à Chancelaria das Universidades de Paris – a quem pertence atualmente funcionando como espaço de eventos -, tendo mantido uma pequena casa na floresta da propriedade.

 

Em Novembro de 1972, a leiloeira inglesa Sotheby’s (34-35, New Bond Street) realiza um leilão com bens do Barão Guy de Rothschild, onde o antiquário Stanley J. Pratt de Londres (27, Mount Street, Londres) adquire o conjunto para Medeiros e Almeida, por 22,000£ (lote 4), já que numerosas vezes atuava como seu intermediário no mercado inglês.

 

Uma investigação curiosa

Em Maio de 2019 a Casa-Museu foi contactada por um conservador de mobiliário do National Trust, Dr. Cristopher Rowell, com o pedido de informações sobre esta peça já que um dos palácios pertencentes à organização inglesa, Knole House em Kent (https://www.nationaltrust.org.uk/knole) possui um conjunto semelhante.

O relógio e barómetro sobre pedestal da Casa-Museu estão datados de inícios do século XVIII e a peça de Knole House também estava porém, ao ser estudada e ter sofrido trabalhos de restauro, no âmbito da preparação de um artigo para a revista anual do National Trust (2019), o investigador apercebeu-se que diferentes partes da peça indicavam uma construção posterior.

De acordo com a troca de informações e o artigo de Rowell, foi provado que o metal dos bronzes é proveniente de reutilizações de outras peças e que diversos elementos escultóricos são compostos por uma liga típica já de meados do século XIX, que o interior do pedestal e do relógio são forrados com mogno – madeira cuja utilização não é compatível com a marcenaria francesa do género no século XVIII – e que existem vestígios de utilização de serra circular, instrumento que só entrou em prática no século XIX.

Quanto ao mecanismo do relógio, ainda segundo o artigo, este também é posterior e de manufatura suíça (apesar do mostrador ser semelhante em tudo menos na existência dos 4 orifícios, indicando logo à partida a existência de menos complicações) e o barómetro, apesar de pela frente exibir o mostrador com as devidas indicações e ponteiro, não ostenta atrás as suas partes constitutivas nem as devidas furações que provassem uma existência no passado.

 

Como era prática comum no século XIX a cópia de peças de grandes artistas franceses como André-Charles Boulle, e sabendo da existência do relógio da Casa-Museu, o investigador pediu informações para poder estabelecer paralelos.

De maneira a enviar os dados a C. Rowell, foram feitas fotografias do interior do plinto para elucidar sobre o método de construção bem como o tipo de madeira utilizado apurando-se que ambas as práticas são compatíveis com os métodos e os materiais (pinho) do século XVIII.

 

Foram feitas igualmente fotografias de pormenor da frente e da parte de trás do relógio e barómetro que atestam a qualidade e originalidade tanto do mecanismo do relógio ainda completo e assinado, como do barómetro que mantém as peças originais.

Quanto ao pedestal, quando as tábuas da parte de trás foram removidas foram descobertas quatro inscrições relativas a diferentes intervenções de restauro realizadas tanto em França como em Inglaterra:

– “Jai Doyen qui a racomodé ceste guaine / le vingtième du mois de septembre 1784 / à Paris »

Eu Doyen “reacomodei” este plinto a 20 de setembro de 1784 em Paris

Thomas Brownley era um marceneiro estabelecido em Londres que fazia caixas de relógios.

– “Jai Boi? cete guere le 23 nivose ??”

Eu B? … este plinto a 23 nivose (corresponde ao 4º mês do calendário republicano francês que por sua vez é correspondente ao período entre 21-23 de Dezembro e 19-21 de Janeiro, e como não tem indicação do ano, será entre entre 1793 e 1806, anos em que esteve em vigor este calendário.

-« Repaired by Thos Brownley / & Sons Febry 6 1810 / No.68 King Street, Golden Square/London » Reparado por Thomas Brownley & Sons 6 Fevereiro 1810 68 rua King, praça Golden, Londres.

-“Cette gaine a été a nouveau reparé en mai 1959 par H. DELCROIX chez alaverine décorateur »

Este plinto foi de novo reparado em Maio de 1959 por H. Delcroix no decorador Aveline (célebre antiquário-decorador de Paris).

(Nota: Traduções livres da autora)

 

Elementos como estas inscrições são contributos valiosos no estudo das peças, sabemos assim que a peça de origem francesa esteve no início do século XIX em Londres e que depois voltou a Paris e que, entre as diferentes datas indicadas nas inscrições, a mais recuada, 1784, vem corroborar a datação da peça como início do século XVIII pois visto ter existido uma intervenção de restauro nesta data, a peça já tinha então alguns anos de existência.

 

Na posse destes dados, Christopher Rowell publicou o artigo: “Timely Discoveries Boulle at Knole and in Lisbon” onde apresenta o também rico historial do conjunto de Knole, descreve o processo de pesquisa técnica levado a cabo pelo National Trust, compara ambas as peças e questiona a datação do seu conjunto.

Seria de grande interesse que a Casa-Museu pudesse realizar o mesmo tipo de pesquisas técnicas mais aprofundadas, de modo a poder enriquecer a discussão.

Maria de Lima Mayer

Casa-Museu Medeiros e Almeida

 

NOTA: A Casa-Museu agradece a colaboração do conservador de mobiliário do National Trust e Presidente da Sociedade de História do Mobiliário (Londres), Christopher Rowell e da conservadora de Waddesdon Manor (Londres), Mia Jackson.

 

NOTA: A investigação é um trabalho permanentemente em curso. Caso tenha alguma informação ou queira colocar alguma questão a propósito deste texto, por favor contacte-nos através do correio eletrónico: info@casa-museumedeirosealmeida.pt

 

 

Bibliografia

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AUGARDE, Jean-Dominique ; Les Ouvriers du Temps: La Pendule à Paris de Louis XIV à Napoléon Ier/ Ornamental Clocks and Clockmakers in Eighteenth Century Paris, Geneva : Antiquorum Editions, 1996

AA.VV., La pendule française Des origines au Louis XV, Paris: Tardy, 1974

BAILLIE, G.H., Watchmakers and Clockmakers of the world, 3ª ed., Londres: 1966, N.A.G. Press Ltd., p. 13

PREVOST- MARCILHACY, Pauline (dir.); Les Rothschild, une dynastie de mécènes en France, Vol.I 1873-1922,  Vol. II 1922-1935, Vol. III 1936-2016, Paris: Louvre Éditions / BNF éditions, 2016 (https://issuu.com/baranes/docs/les_rothschild_coffret_3_volumes__e)

QUENTIN, Jeannine ; Oeuvres D’Art Françaises Dans Les Musées Portugais, Lisboa : Alliance Française de Lisbonne, 1ª edição 1985, 2ª edição 1986

ROWELL, Christopher; New Light on a Boulle Clock/Barometer on Plinth at Knole, in: National Trust Historic Houses & Collections Annual 2019

OLIVEIRA, Fernando, ANASTÁCIO, Paulo; Mecânica do Tempo os relógios da Coleção Medeiros e Almeida, Lisboa: Fundação Medeiros e Almeida, 2019

Merveilles des châteaux de l’île-de-France, Paris: Hachette, 1963

The Burlington Magazine, Vol. 114, nº 836, November 1972

Catálogo Sotheby’s, Londres, 24 de Novembro de 1972

Fanfarres for Europe – The British Art Market, London, 1973

Dossier de l’Art, André-Charles Boulle Ébéniste de Louis XIV, Dijon : Éditions Faton S.A.S., 2014

 

 

 

 

Autor

Relógio: Estienne Baillon Caixa e pedestal: André-Charles Boulle

Data

c. 1700

Local, País

Paris, França

Materiais

Ébano, tartaruga, bronze dourado, latão, esmalte, aço e vidro

Dimensões

Relógio: Alt. 137 cm. x Larg. 74 cm. Pedestal: Alt. 157,5 cm x 74 cm.

Category
Destaque