“Torre de São Vicente de Belém” John Clevely

“Torre de São Vicente de Belém” John Clevely

John Cleveley O Novo (1747 -1786), nasceu em Deptford (?) tendo feito parte de uma dinastia familiar de pintores uma vez que, era filho de John (O Velho) e irmão de Robert ambos pintores de marinhas, tendo-se também dedicado a este tipo de pintura.

O seu pai trabalhava nas docas como calafate, mas dotado para a pintura, ensinou aos seus filhos não só os mesteres da construção naval, como da pintura, que retratava paisagens marítimas e portuárias.

John (filho) para além da aprendizagem feita com o pai, irá também aprender com um outro pintor de paisagens: Paul Sandby. Tal como o seu pai, especializou-se na representação do quotidiano portuário em Deptford, Chatham e Woolwich mas, foi mais além, ao representar lugares e paisagens distantes alguns dos quais conheceu pessoalmente, outros apenas por relatos e por imagens, a partir dos quais pintava. O seu trabalho distanciou –se do do seu pai ao representar de uma forma mais atmosférica e menos rígida aproximando-a assim, da pintura holandesa do séc. XVII.

Cleveley terá estado em Lisboa entre Agosto de 1775 e Janeiro de 1776, tendo produzido nesse período, um conjunto de 37 desenhos e aguarelas intitulados: Views round the Coast and on the River Tagus, cuja temática se centra exactamente na paisagem da costa de Lisboa e do rio Tejo.

 

Datada de 1778, a realização desta aguarela terá ocorrido a partir de uma gravura por si realizada nessa altura ou das suas memórias sobre a cidade. A Torre de São Vicente de Belém em posição invertida, é vista a partir do Tejo, afastada da margem, num dia de águas agitadas, nas quais navegam vários tipos de embarcações.

Na fortaleza representada com os designados “quartéis filipinos”, construções de dois pisos com janelas, mandadas erguer no baluarte da torre por Filipe II em data incerta e que apenas foram demolidos na época de D. Fernando II, são visíveis vários soldados.

 

No Tejo navegam barcos característicos do rio, designados por Riba Tejo que, embora sendo barcos de pesca, podiam ser usados como barcos de transporte de mercadorias e passageiros. Eram barcos à vela latina e de proa arredondada e denteada com uma tripulação de seis pessoas, mas que, Cleveley aqui representou com sete tripulantes. Nos planos mais afastados surgem ainda outros barcos de Riba Tejo assim como, um galeão, mostrando desta forma a heterogeneidade do movimento do porto de Lisboa.

 

Proveniência

De acordo com a documentação, a obra pertenceu à colecção do Capitão Bruce S. Ingram, em Inglaterra e foi aquirida ao antiquário John Mitchell and Son, Londres, a 12 de Abril de 1965, por £ 425.

 

Casa-Museu Medeiros e Almeida

NOTA: A investigação é um trabalho permanentemente em curso. Caso tenha alguma informação ou queira colocar alguma questão a propósito deste texto, por favor contacte-nos através do correio eletrónico: info@casa-museumedeirosealmeida.pt

Autor

John Clevely, o Novo (1747-1786)

Data

1778

Local, País

Inglaterra

Materiais

Aguarela sobre cartão

Dimensões

Alt. 45,7cm x Larg. 58,5cm

Category
Pintura Inglesa