Exposição: O Novo Mundo e a Palavra

Exposição: O Novo Mundo e a Palavra

A Casa-Museu vai ceder em empréstimo para a exposição temporária “O Novo Mundo e a Palavra”, a pintura “Nossa Senhora do Leite”, de c. 1510-15, um óleo sobre madeira, passado para tela, obra do pintor flamengo Mestre da Lourinhã, peça contemporânea da época a que a exposição alude.

 

Local: Castelo de Belmonte, Belmonte

Data: 26 Abril – 26 Outubro 2016

 

“A exposição da Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o Achamento do Brasil, de Pêro Vaz de Caminha, é apresentada na próxima quarta-feira, pelas 11h00, na Sala do Relógio da Torre do Tombo, por António Dias Rocha, presidente da Câmara Municipal de Belmonte, Silvestre Lacerda, da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas – entidades promotoras da mostra – e Filomena Marques, coordenadora da equipa de Musealização.

A exposição tem inauguração prevista a 26 de abril, na Sala Pedro Ávares Cabral, no Castelo de Belmonte, ficando patente ao público até 26 de outubro deste ano. A redação da Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o Achamento do Brasil assinala um momento singular da História, enquanto texto e documento. Não se trata de um relato de viagem, uma narrativa de um conjunto de peripécias com um fim e uma moral adjacentes, nem uma tentativa de exaltar os autores da gesta ou o seu suserano, nem ainda uma tentativa de relevar uma qualquer supremacia tecnológica ou racial. O que se encontra neste documento burocrático e que se insere na tradição dos cronistas medievais portugueses é a descoberta do “outro”, que aqui transcende os cânones a que relatos de viagens, bestiários e outras efabulações habituaram os Europeus desde a decadência do Império Romano e da emergência das forças muçulmanas no Sul da Europa. Aliás, a descoberta de novos mundos pelos reinos cristãos peninsulares coincide com o fim da presença muçulmana na Península e a derrota dos Nasrida de Granada, como se viessem na continuidade da Reconquista Cristã.

A Carta de Pêro Vaz de Caminha é um documento classificado, de valor inestimável, inscrito pela UNESCO no Registo da Memória do Mundo, que nunca foi exposto ao público em Portugal fora da Torre do Tombo, de onde apenas saiu para as comemorações do Descobrimento do Brasil em 2000. Pouco se sabe sobre o seu autor, fidalgo, escrivão e vereador na Câmara do Porto, que junto a Mestre João, cosmógrafo da armada de Pedro Álvares Cabral, descreveu a gesta da chegada ao território que é hoje Porto Seguro. Pêro Vaz de Caminha, de forma literária, e Mestre João, num registo científico, onde aparece pela primeira vez sinalizado o Cruzeiro do Sul. A exposição pretende fazer um contraponto entre o carácter efabulatório da cartografia pré-era dos Descobrimentos e o levantamento exaustivo efetuado pelos Portugueses nas suas incursões por territórios mais ou menos conhecidos, como África ou as Índias Orientais, e depois, no Novo Mundo, do qual o relato de Pêro Vaz de Caminha é o momento inaugural.

Espaço 1: A primeira área, a que se acede a partir do terraço de pedra do Castelo de Belmonte, é ilustrada com imagens que remetem para o imaginário medieval e dos bestiários, em três planos sobrepostos – que se distinguem sucessivamente graças ao uso de diferentes luzes, um recurso expositivo criado em parceria com o atelier Carnovsky* e utilizado pela primeira vez em Portugal.

Espaço 2: Área onde estará a vitrina com os folios da Carta de Pêro Vaz de Caminha. Privilegia-se aqui a descrição e a palavra em detrimento da imagem, sendo a Carta contextualizada através das peças dos séculos XV e XVI cedidas pelo Palácio Nacional de Sintra, Casa-Museu Medeiros e Almeida e Museu Nacional de Arte Antiga. O tapete sonoro, resultante do trabalho do sonoplasta e músico Sílvio Rosado com as vozes dos alunos da Escola de Música de Belmonte a lerem excertos da Carta e a recriarem o que é nela relatado, acompanha os visitantes da exposição e define temporalmente o circuito da visita na Sala Pedro Álvares Cabral.”

http://www.carnovsky.com/

 

Ficha Técnica
Titulo: O Novo Mundo e a Palavra
Curadoria: André de Quiroga
Organização: Câmara Municipal de Belmonte
Suporte Institucional: Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e Direção Geral de Cultura do Centro
Entidade Produtora: Filomena Marques Research & Consulting

Direção de produção: Nuno Figueiredo
Projeto de Arquitetura: Maria João Mântua
Direção de Obra: João Sampaio
Comunicação: PGyQ- Consultores de Comunicação
Design Gráfico: Sofia Dias